A divisão racial do trabalho ainda é uma realidade no Brasil

Palestra reforça a importância do diálogo com movimentos populares para avançar no combate ao racismo e machismo nos espaços sociais

A programação do primeiro módulo do curso ‘Dirigindo & Transformando’, realizado entre 11 e 14 de março, em Porto Alegre, contou com a palestra da sindicalista e ativista negra Isis Garcia. Ela coordena a Secretaria Estadual de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT/RS) e integra a Marcha Mundial das Mulheres.

“A população negra foi escolhida para estar na base da pirâmide social. Fomos tratados da forma mais violenta possível para que a gente não acredite no nosso potencial de transformação”, enfatizou Isis ao introduzir o tema.

Ela falou sobre a realidade dos negros e negras no mercado de trabalho e chamou a atenção dos/das participantes para questões sociais que ultrapassam o local de trabalho. “A população negra está submetida aos trabalhos mais precarizados e aos piores níveis de remuneração. Na sociedade, o racismo continua matando e violentando as pessoas. As mulheres negras são as maiores vítimas da violência doméstica. Tudo isso nos leva a entender que a ação sindical é parte da luta contra o racismo, mas não é tudo. É preciso reconhecer, entender e dialogar com organizações sociais que tratam dessas questões sob uma ótica mais ampla”, afirmou.  

De dentro pra fora

As organizações dos trabalhadores e das trabalhadoras também têm desafios internos. Para Isis, é preciso que elas priorizem, de fato, o combate ao racismo e ao machismo. “Criar uma secretaria é um passo importante, mas é preciso muito mais que isso”, apontou a sindicalista.  

“Para promover políticas capazes de combater a discriminação nos locais de trabalho é preciso que todas as lideranças compreendam nossas pautas e lutem ao nosso lado. Para que isso ocorra, momentos como este – de formação e reflexão – são imprescindíveis”, destacou Isis.