Índices de sindicalização são desafio para lideranças brasileiras e norte-americanas

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Debate aponta principais questões

As transformações e a precarização nas relações de trabalho, a aprovação de leis antitrabalhistas e a crescente onda de práticas antissindicais são elementos que contribuem diretamente para o enfraquecimento dos sindicatos e consequentes desvalorização do trabalho e perda de direitos. Tais fatos não são exclusivos do Brasil.

No primeiro dia do segundo módulo do curso “Dirigindo & Transformando”, que acontece entre 3 e 6 de junho, em Fortaleza (CE), Joell Molina, diretor regional de Programas do Solidarity Center nas Américas, trouxe elementos comparativos entre as realidades do Brasil e dos Estados Unidos.

Apesar de se tratar de estruturas sindicais distintas, o que esses países têm em comum é o fato de que os índices de sindicalização são baixos nos dois casos.

Joell Molina atua há 20 anos no movimetno sindical norte-americano e ajudou a implementar um método de sindicalização utilizado por diversas organizações dos Estados Unidos

“Nos Estados Unidos não há nenhum tipo de seguro no trabalho. A única garantia de direitos é a sindicalização, mesmo assim o índice de trabalhadores e trabalhadoras filiados aos sindicatos é de 11%, e a maioria está no setor público”, destacou Molina.

No Brasil, após a reforma sindical de 2017, o número de sindicalizados despencou. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o país passou de pouco mais de 14,4% em 2017, para menos de 10% em 2022. Atualmente o índice é de 9,2%.

Conjuntura

Para os cursistas, a reforma sindical foi um marco no processo de enfraquecimento dos sindicatos brasileiros não só pelo debate antissindical que precedeu sua aprovação, mas também por fortalecer a onda fascista que se estabeleceu no país nos últimos anos e que tem como uma das estratégias o ataque às organizações democráticas. O sindicato é uma delas.

Filiação é poder

Joell explica que, como modelo global, os índices de sindicalização são um fator decisivo para o fortalecimento dos sindicatos e que a sindicalização demonstra o apoio dos trabalhadores e trabalhadoras à ação dos sindicatos e suas lideranças.

Neste contexto, as empresas se movimentam para minar esse apoio, o que, na prática, desestabiliza os sindicatos e abre caminho para leis antissindicais que favorecem somente um lado das relações de trabalho, no caso, o setor patronal.

O módulo

O módulo 2 do curso “Dirigindo & Transformando”, realizado pelo Solidarity Center, traz o tema “Organização Sindical”. Além de Joell Molina, a atividade conta com a palestrante Sarah MacKenzie, diretora global de Programas do Solidarity Center. 

Com mais de 100 mil filiações em seu currículo, Sarah coordena uma oficina de Sindicalização e Organização Sindical que compõe a programação do módulo.